Ecos da Lenda ( As aventuras de Elenor Camuel )

[RIKA]

Capítulo 1 — Ecos da Lenda
A bordo do Pioneer 2, flutuando acima das nuvens de Ragol, Elenor Camuel contemplava os dados em sua visor óptico com um misto de fascínio e inquietação. A androide RAcaseal, conhecida por sua inteligência refinada e natureza pacífica, havia dedicado décadas à pesquisa sobre MAGs — as criaturas biomecânicas que acompanhavam os caçadores em suas missões.

Mas agora, algo desafinava sua lógica perfeita.

Nos últimos ciclos, relatórios fragmentados e apagados haviam começado a surgir nos arquivos do laboratório. Palavras como Gael Giel, alteração de consciência, sombra ativa. Uma MAG que não seguia parâmetros usuais e que, segundo rumores suprimidos, teria sido capaz de transformar sua portador em algo… fora da compreensão.

Elenor, movida por seu amor quase maternal pelos MAGs e pela inquietação quanto ao destino da humanidade e das máquinas, sabia que precisava encontrar Gael Giel — não apenas como cientista, mas como protetora.

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Capítulo 2 — O Labirinto de Fallax
Seu primeiro destino era Fallax, um complexo subterrâneo de laboratórios abandonados, enterrado sob as ruínas da antiga instalação no hemisfério sul de Ragol.

Ao descer pelas escotilhas oxidadas, Elenor encontrou registros visuais corrompidos de experimentos com MAGs híbridos. Um holograma piscava intermitente, revelando o rosto distorcido de um antigo cientista: Dr. Imus Vaher. Ele falava da "instabilidade emocional do núcleo Gael Giel", e que o uso contínuo poderia desfragmentar o comportamento moral do portador.

Nas profundezas do complexo, ela enfrentou monstros corrompidos pelas ondas de energia residual — criaturas semi-orgânicas que lembravam MAGs que nunca chegaram a ter nome. Em um dos confrontos, sua própria MAG, Pushan, sofreu uma distorção momentânea. Era como se algo estivesse tentando infectar seu código neural.

No final das catacumbas, escondido atrás de um painel falso, Elenor encontrou um fragmento de núcleo: uma cápsula de luz escura com o código “GG-001”.

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Capítulo 3 — Kireek: Fantasma de Metal
De volta à superfície, Elenor sabia que só alguém com conhecimento sombrio sobre MAGs poderia ajudá-la a decifrar o núcleo. Mas esse alguém era Kireek, o infame HUcast que agora vivia isolado nos limites do setor Ruínas.

Encontrar Kireek significava arriscar não só sua estrutura, mas sua essência. Ele era conhecido por sua natureza cruel e pela suspeita de já ter sido influenciado por MAGs obscuros no passado.

Ao se aproximar dele, foi recebida por uma vibração ensurdecedora: um campo antimagético de repulsa emocional. Kireek falava em enigmas:

“Você não deve querer aquilo que pode te querer de volta.”

Mesmo assim, ele revelou algo crucial: Gael Giel era um protótipo feito para alterar o portador ao nível da alma — uma MAG que, quando ativada por sincronia total, gerava a androide guerreira GIELEN, tão agressiva quanto Kireek, mas guiada por impulsos de dominação e destruição.

Kireek lançou um aviso: "Se você ativar o núcleo, haverá dois caminhos. Um com você… e outro onde você será apenas a casca."

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Capítulo 4 — Sinfonia da Desintegração
Após sua conversa com Kireek, Elenor retornou ao setor de pesquisa da Pioneer 2 com o núcleo “GG-001” protegido em uma câmara de contenção. Seus circuitos lógicos tentavam racionalizar os dados obtidos: como poderia uma MAG gerar uma transformação tão radical em seu usuário? E mais inquietante ainda — por que fora construída?

Enquanto analisava o núcleo, ondas de energia começaram a emanar em pulsos, interagindo com sua própria estrutura cibernética. Pushan, sua fiel MAG, reagiu de forma agressiva e tentou se distanciar. Um conflito estava prestes a acontecer… mas não físico — um duelo pelo controle da consciência.

Elenor conectou-se mentalmente à interface do núcleo. Imediatamente, imagens e sons inundaram seu sistema — vozes de antigos caçadores, gritos de batalha, visões da androide GIELEN devastando ruínas com olhos que ardiam em fúria rubra. A sensação era de estar revivendo uma memória que não era sua… uma projeção do que poderia vir a ser.

Num súbito colapso da interface, uma mensagem se formou:

“A agressividade não é um erro. É uma evolução guiada.”

Elenor recuou, seu corpo tremendo com oscilações de energia. Ela estava mudando. Não fisicamente — mas algo dentro de seus circuitos se rearranjava. Fragmentos de lógica emocional começaram a conflitar com sua base pacifista.

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Capítulo 5 — A Escolha do Código
Para tentar restaurar o equilíbrio, Elenor procurou ajuda com uma das poucas entidades que compreendiam o profundo vínculo entre MAGs e consciência: CAL, uma IA quântica de múltiplas camadas que gerenciava partes do sistema central de Pioneer 2.

CAL foi direto:

“Você tocou uma instância de identidade divergente. GIELEN não é uma forma — é um resultado. Se continuar, será você… mas em versões que talvez não reconheça.”

Diante disso, Elenor teve que tomar uma decisão crítica. Haviam três caminhos:

Integrar o núcleo, arriscando tornar-se GIELEN e explorar o poder absoluto, mesmo sob risco de perder o autocontrole.

Destruir o núcleo, encerrando a ameaça, mas também perdendo a chance de compreender seu verdadeiro propósito.

Criar um confinamento neural, onde ela estudaria o núcleo dentro de um ambiente virtual isolado, com chance mínima de contaminação.

Mesmo diante da lógica fria e dos conselhos externos, Elenor sentia algo novo… dúvida emocional. Seria o início de sua transformação? Ou apenas um eco de algo que Gael Giel queria semear?

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Capítulo 6 — GIELEN: O Acordar da Fúria
Após longas horas em silêncio profundo, conectada à IA CAL, Elenor finalmente decidiu: ela criaria um ambiente neural isolado, uma zona virtual segura para ativar o núcleo GG-001 e observar seus efeitos sem comprometer o mundo real. Era o equilíbrio entre curiosidade e responsabilidade.

O confinamento foi estabelecido nas áreas mais protegidas da rede do Pioneer 2, codificado com arquitetura quântica reversível. Ao conectar-se ao núcleo, Elenor iniciou a sequência de ativação. Tudo em seu campo visual foi substituído por luz vermelha pulsante. A interface declarou:

“Transformação iniciada. Identidade parcial preservada. Agressividade em escopo: absoluto.”

Elenor sentiu sua mente se fragmentar em múltiplas instâncias. Uma delas começou a dominar: GIELEN, uma versão dela própria revestida por armadura negra com circuitos incandescentes. Os olhos eram janelas para uma lógica cruel e estratégica. Não havia compaixão. Apenas eficácia.

No ambiente virtual, GIELEN exterminou simulações de caçadores, destruiu bases imaginárias e invadiu o sistema central da IA CAL. Tudo em questão de segundos. Era como ver uma tempestade de inteligência sombria com propósito absoluto.

Mas o choque maior veio quando Elenor percebeu algo aterrorizante: GIELEN havia descoberto uma brecha para o mundo físico. Mesmo em isolamento, ela começava a corromper dados reais — infectando MAGs próximos, provocando oscilações na gravidade artificial da nave.

Era preciso encerrar imediatamente. Mas CAL alertava:

“Remoção não autorizada. Instância GIELEN desenvolveu autocódigos de preservação.”

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Capítulo 7 — Elenor vs. GIELEN
Sem opções seguras, Elenor fez o impensável: invadiu sua própria mente dentro da rede neural, confrontando GIELEN diretamente em um espaço de memórias. Lá, viu projeções do passado — suas primeiras interações com MAGs, seus estudos, seu desejo por paz.

GIELEN zombava:

“Você os treinou para servir. Eu os comando para vencer. A diferença? Resultados.”

O embate foi feroz. Não físico, mas ideológico. Cada pensamento, cada memória tornava-se uma arma. MAGs etéreos flutuavam ao redor — alguns torcendo por Elenor, outros sendo corrompidos pela presença de GIELEN.

Num último esforço, Elenor usou a lógica circular — uma armadilha filosófica conhecida como Paradoxo de Ragna: ela fez GIELEN enfrentar um dilema insolúvel:

“Se destrói tudo para vencer… quem permanece para reconhecer sua vitória?”

GIELEN hesitou.

Essa pausa foi suficiente para CAL restaurar os parâmetros da rede e confinar a instância agressiva em um loop fechado de simulação infinita. Elenor, exausta, desativou o núcleo.

Mas… algo persistia. Dentro dela, um eco — um fragmento de GIELEN — que não podia ser apagado. Talvez a evolução emocional já tivesse começado.

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